Igreja em Transformação: Pastor Bira Fala sobre Adaptação e Liderança no Mundo Moderno - Camboriú SC
Igreja em Transformação com Pastor Bira
O mais recente episódio do Tiaraju Cast trouxe uma conversa inspiradora com o Pastor Bira, uma figura que, segundo o próprio apresentador, impactou profundamente sua vida. A discussão aprofundou-se em temas cruciais como a história pessoal do Pastor Bira, a natureza da igreja e a necessidade de adaptação no mundo moderno.
A Trajetória do Pastor Bira
Pastor Bira compartilhou um pouco de sua longa caminhada na fé. Ele começou com uma base católica que considera muito importante e que lhe deu estrutura e doutrina na adolescência. Posteriormente, teve um “encontro com Deus” e uma “experiência muito forte com Jesus” por volta de 2001/2002, marcando sua conversão ao evangelho.
Ele passou por duas igrejas evangélicas, ficando cerca de 7 anos e meio na primeira, que descreve como extraordinária e onde recebeu uma base importante de pastores e líderes. Durante um período de transição antes de fundar seu ministério atual, optou por cursar teologia em uma universidade, buscando neutralidade e conhecimento sobre diferentes linhas teológicas, formando-se como bacharel.
Há 15 anos, ele preside o ministério, focando em ajudar pessoas e testemunhar vidas sendo transformadas pelo evangelho de Cristo. Para ele, ver essa transformação é o mais maravilhoso.
A Formação de Líderes: Um Pilar Fundamental
Uma das ideias centrais abordadas é a importância da formação de líderes. Pastor Bira enfatiza que sua base e formação cristã inicial sempre foram focadas nisso. Acredita que o trabalho ministerial deve pensar em um legado, em formar futuras gerações para dar continuidade à obra.
Ele se inspira no exemplo de Jesus, que investiu aproximadamente 3 anos de sua vida em pessoas, especialmente nos 12 discípulos, para implantar o reino de Deus neles e capacitá-los a dar continuidade. Assim, a meta não é apenas evangelizar o mundo inteiro diretamente, mas gerar o evangelho e o reino nas pessoas próximas, capacitando-as a levar a mensagem adiante. Essa base de liderança é vista como essencial para um crescimento maduro, evitando uma religiosidade que transforma pessoas em “robôs”, mas sim promovendo a liberdade em Cristo para convergir esforços em prol do reino.
O Que é Igreja? Uma Perspectiva Etimológica e Bíblica
A conversa também explorou a definição de “igreja”. Pastor Bira explica que, etimologicamente, a palavra grega ekklesia (ou eclesia) não começou no contexto religioso, mas sim no político. Na antiguidade, um rei separava um grupo de homens de confiança – sua ekklesia – que se reunia em assembleias e era enviado ao povo para levar a mensagem do rei e trazer as demandas do povo de volta a ele.
Jesus, conhecendo essa realidade política, formou a Sua ekklesia – os discípulos – para levar a mensagem do Seu reino (o evangelho) ao povo e auxiliá-lo a se aproximar do Rei, Jesus Cristo. A partir daí, a palavra ekklesia adquiriu um sentido religioso.
É crucial distinguir, segundo Pastor Bira, entre a “igreja que Cristo estabelece” e as “instituições religiosas” criadas por homens. A igreja de Cristo não está no singular, mas sempre no plural, referindo-se a um grupo de pessoas enviadas por Cristo para estabelecer o reino. As denominações, as “placas de igreja”, são na verdade instituições humanas onde a igreja de Cristo se organiza. A preocupação surge quando o grande número de instituições religiosas leva à perda de uma identidade única, gerando várias identidades, usos e costumes.
Adaptação e a Igreja no Mundo Moderno
Um ponto interessante levantado por um ouvinte (Robson) e discutido no podcast é a tendência de adaptação nas igrejas hoje, exemplificada pelas igrejas com “paredes pretas”. Pastor Bira vê essa tendência e outras mudanças como parte de um processo histórico contínuo de adaptação que a igreja vivencia desde o primeiro século.
Ele cita exemplos históricos como a adaptação de símbolos pagãos para o cristianismo no quarto século, a introdução de pianos e corais nas igrejas americanas pós-guerra, e a recente permissão de instrumentos musicais como bateria no altar. Essas mudanças, que inicialmente causaram “escândalo” ou críticas, se tornaram comuns com o tempo.
As adaptações atuais, como as paredes pretas, muitas vezes nascem de uma necessidade prática, como melhorar a iluminação para produção de mídia e alcançar pessoas online. A mídia, antes impensável dentro de um culto, hoje é comum e essencial para muitas igrejas se conectarem com o mundo digital.
Para Pastor Bira, o ponto crucial não é a adaptação em si, mas se a mensagem pregada distorce o evangelho. Uma igreja com paredes pretas que prega uma mensagem cristocêntrica e centrada na palavra traz benefícios, especialmente ao usar a tecnologia para alcançar vidas. A preocupação maior reside na banalização de práticas (como certos “atos proféticos”) que podem denegrir a mensagem do evangelho. O equilíbrio é fundamental.
Igreja Conhecer: Origem e Visão
Pastor Bira apresentou a igreja que preside, a Igreja Conhecer. Ela começou como uma célula em 2009 e foi oficialmente aberta em julho de 2010. O nome é baseado em João 8:32 (“E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará”), refletindo o desejo de trazer conhecimento (histórico, filosófico, teológico) para abrir a mente das pessoas e ajudá-las a pensar e crescer na Bíblia.
A igreja nasceu na visão celular, que hoje vivem de forma madura, sendo o “carro chefe” do trabalho, com grupos se reunindo nas casas. Recentemente, a sede mudou para o bairro Rio Pequeno em Camboriú, um passo que tem permitido alcançar novas pessoas e expandir o ministério.
Considerações Finais
A conversa reforçou a importância de buscar a Jesus como o único caminho, verdade e vida. Pastor Bira encorajou a perseverança, a não deixar as dificuldades ofuscarem o brilho do evangelho e a contar com a ajuda e o apoio da comunidade de fé. Ele destacou que, apesar das imperfeições humanas, o reino de Deus está sendo estabelecido com amor e a operação do Espírito Santo.
Foi uma conversa rica que mostrou a seriedade e a visão do Pastor Bira, desmistificando a imagem de “bravo” que alguns podem ter ao conhecê-lo, revelando um “coração de ouro” e uma presença marcante que sabe ouvir e entender o outro.
O episódio deixa claro que a igreja, enquanto grupo de pessoas que carrega o reino, está em constante movimento e adaptação para cumprir sua missão em um mundo que também muda.